Sempre digo que o NOIA foi uma escola para mim, foi meu primeiro curso de produção. Não sabíamos como fazer, mas tínhamos o ímpeto e a vontade de criar um espaço de exibição que faltava para muitos estudantes como nós.
O Noia surge nos corredores e salas do Centro de Humanidades da Universidade Federal do Ceará, em 2002. Ainda não existiam cursos universitários de Cinema no Estado, o que fazia com que cursos de Comunicação, dentre outros, reunissem pessoas interessadas em trabalhar com audiovisual e todas as suas possibilidades. Era o nosso caso.
Éramos um grupo formado por 4 estudantes - Angélica Emília, Ione Lindelauf, Júnior Ratts e eu, e decidimos fazer um filme com os poucos recursos e equipamentos que a Universidade pública tinha naquela época (lembrando que a primeira gestão do governo Lula só começou em 2003). Nos dedicamos muito a este filme e quando inscrevemos no Cine Ceará daquele ano, não fomos selecionados para a mostra principal. Isso nos frustrou e nos fez pensar sobre espaços de difusão da produção audiovisual universitária, no Ceará e no Brasil. Então iniciamos um contato com os poucos festivais brasileiros desta natureza que existiam na época e criamos o NOIA.
Sempre digo que o NOIA foi uma escola para mim, foi meu primeiro curso de produção. Não sabíamos como fazer, mas tínhamos o ímpeto e a vontade de criar um espaço de exibição que faltava para muitos estudantes como nós. Foi assim que nos comprometemos em realizar o NOIA primeiro, e fomos atrás de saber como fazer isso depois.
Nossa inexperiência era, ao mesmo, uma força e um risco. Aprender fazendo é maravilhoso, mas os aprendizados que resultam dos nossos erros são difíceis de lidar. Me lembro de várias sensações nos primeiros anos do NOIA: empolgação, desejo, inseguranças, alegria, dúvidas, força nas parcerias, conflitos de interesses, construção de amizades, sensação de que estávamos descobrindo o que queríamos fazer para o resto da vida. E foi exatamente isso que aconteceu comigo. Hoje sou uma trabalhadora do Cinema nascida e criada nos bastidores desse Festival.
O NOIA cresceu, agregou novas pessoas (como o Paulo Benevides, que chegou na segunda edição e hoje é o diretor do evento), ganhou relevância, promoveu encontros incríveis, exibiu centenas de filmes universitários, foi uma das primeiras oportunidades de muitos realizadores e realizadoras que hoje são reconhecidas no mundo.
Sai da equipe na sétima edição e depois disso fiz várias participações pontuais na produção e na comunicação do NOIA. Nunca me desvinculei totalmente porque talvez sinta um vínculo criador-criatura com ele. Já discordei de várias decisões do Festival, aponto erros, celebro acertos. Falo verdades com a franqueza de quem viu este evento nascer.
Em 2024, mais uma vez, estou contribuindo com a equipe de comunicação, dirigida por Carlo Benevides. Ensino o que sei para os mais jovens, que hoje compõem em grande parte a equipe do evento. Também aprendo muito com cada um. E isso é um dos bons motivos para manter essa chama acesa.
Hoje sigo contribuindo com o evento que ajudei a botar no mundo, e que também foi escola e berço de muitos dos meus sonhos. Desejo que o NOIA siga ofertando para todos, tudo aquilo de bom que um dia ele me deu!
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